Quando é preciso manter sob vigilância o ensino de Geografia

Autores

  • Bruno Nunes Batista Instituto Federal Catarinense

DOI:

https://doi.org/10.22476/revcted.v3i3.259

Palavras-chave:

Ensino de Geografia. discurso. neoliberalismo.

Resumo

A fim de alcançar um estado final de perfeição, um personagem vem sendo discutido, festejado e, muitas vezes, combatido: o professor de Geografia. Este artigo procura colocar em debate, no entanto, que tal ator escolar não é uma invenção recente, tampouco um sujeito natural, mas o resultado de relações de saber que instituíram uma formação discursiva sólida e estável, abrigada sob o nome ensino de Geografia. Discurso que delimita o que se deve, quem deve, e como se deve falar sobre tal linguagem, trata-se de uma prática que, contudo, não escapa às forças de poder que, desde meados da primeira metade do século XX, sob o arco da acumulação flexível do capital, da competitividade, do consumo e da individualidade, convencionamos chamar de neoliberalismo. 

Biografia do Autor

Bruno Nunes Batista, Instituto Federal Catarinense

Doutor e mestre em Geografia pela UFRGS

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Publicado

2018-01-19

Como Citar

Batista, B. N. (2018). Quando é preciso manter sob vigilância o ensino de Geografia. Crítica Educativa, 3(3), 323–339. https://doi.org/10.22476/revcted.v3i3.259