“Eu não sofro por ser negro, quer dizer, eu não posso me importar”: análise de uma experiência de estágio supervisionado com foco na temática do racismo (“I do not suffer for being black, I mean, I cannot care": analysis of a supervised internship experience focusing on the theme of racism)

Autores

  • Valesca Brasil Irala Universidade Federal do Pampa
  • Mônica Carolina Ferrreira Alves

DOI:

https://doi.org/10.22476/revcted.v5i2.419

Palavras-chave:

Racismo. Transversalidade. Ensino Fundamental. Língua Espanhola.

Resumo

Este artigo visa problematizar a forma como o tema transversal “racismo” foi abordada por uma professora estagiária negra e compreendida pelos seus alunos em uma prática de Estágio Supervisionado de Língua Espanhola em uma escola pública no interior do Rio Grande do Sul. Os resultados apontam para a presença de silenciamentos nas falas de alunos negros, posições em defesa da existência do racismo reverso e, também, negação da condição do racismo. Por outro lado, evidencia-se o orgulho da estagiária com os resultados obtidos ao término da experiência. Por último, apontamos algumas recomendações sobre como professores podem abordar a temática na Educação Básica.

Biografia do Autor

Valesca Brasil Irala, Universidade Federal do Pampa

Doutora em Letras - Linguística Aplicada e docente associada na Universidade Federal do Pampa, onde atua na Licenciatura em Letras - Línguas Adicionais e no Mestrado Profissional em Ensino de Línguas. 

https://orcid.org/0000-0001-6190-8440

Mônica Carolina Ferrreira Alves

Graduada em Letras-Línguas Adicionais (Inglês e Espanhol) na Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA).

https://orcid.org/0000-0002-4850-8626

Referências

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos – apresentação dos temais transversais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan. 2003.

CARVALHO, Marília Pinto de; SILVA, Viviane Angélica. Ser docente negra na USP: gênero e raça na trajetória da professora Eunice Prudente. Poiésis, Santa Catarina, v. 8, n. 13, p. 30-56, jun. 2014.

DITTRICH, Maria Glória; LEOPARDI, Maria Tereza. Hermenêutica fenomenológica: um método de compreensão das vivencias com pessoas. Discursos fotográficos, Londrina, v. 11, n. 18, p.97-117, jan./jun. 2015.

DOMINGUES, Petrônio. Movimento Negro Brasileiro: alguns apontamentos históricos. Tempo. vol. 12, n. 23, p. 101-124, 2007.

GOMES, Nilma Lino. O movimento negro no Brasil: ausências, emergências e a produção dos saberes. Política e Sociedade, Belo Horizonte (MG), v. 10, n. 18, p. 133-154, jan/jun. 2011.

IRALA, V. B. Produção oral em língua estrangeira: contornos identitários múltiplos no processo de avaliação. In: STURZA, E.; FERNANDES, I. & IRALA, V. (orgs.). Português e espanhol: esboços, percepções e entremeios. Santa Maria: UFSM, 2012.

JORGE, Miriam. Critical Literacy, Foreign Language Teaching and the Education About Race Relations in Brazil. The Latin Americanist, Minas Gerais, p. 79-90, dez. 2012.

LEFFA, Vilson J.; IRALA, Valesca B (orgs). Uma espiadinha na sala de aula: ensinando línguas adicionais no Brasil. Pelotas: EDUCAT, 2014.

LOPES, Elizabete; PEREIRA, Nivaldo. A negação do preconceito racial no discurso da Revista Veja. Ícone, São Luis de Montes Belos, v. 5, n. 2, p. 1-14, 2009.

MILNER, H. Richard. Teacher reflection and race in cultural contexts: history, meanings, and methods in teaching. Theory Into Practice, Ohio, v. 42, n. 3, p. 173-180, 2003.

NOGUEIRA, Martha Maria Brito. Empoderamento das mulheres negras: cultura, tradição e protagonismo de Dona Dió do Acarajéna “Lavagem do Beco”. Revista Mosaico, v. 10, p. 174-190, 2017.

OLIVEIRA, Tory. Seis estatísticas que mostram o abismo racial no Brasil: No Brasil, a população negra é mais atingida pela violência, desemprego e falta de representatividade. Carta Capital. 1º nov. 2017.

PEREIRA, Artur Oriel. O que é lugar de fala? Leitura: teoria e prática, Campinas, v. 36, n. 72, p. 153-156, jan 2018.

RIBEIRO, Djamila. Falar em racismo reverso é como acreditar em unicórnios. Carta Capital. Nov, 2014.

SCHAWANDT, Thomas. Três posturas epistemológicas para a investigação qualitativa: interpretativismo, hermenêutica e construcionismo social. In: DENZIN, N.; LINCOLN, Y. (orgs). O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 193-218.

TEIXEIRA, Elizabeth. As três metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa. 10ª ed. Petrópolis- RJ: Vozes, 2013. 202 p.

TROKA, Donna; ADEDOJA, Dorcas. The challenges of teaching about the black lives matter movement: a dialogue. Radical Teacher - A Socialist, Feminist, and Anti-Racist Journal on the Theory and Practice of Teaching, Atlanta, p. 47-56, 2016.

VAN DIJK, Teun A. Discourse and the denial of racism. Discourse & Society, London, v. 3, n. 1, p. 87-118, 1992.

Downloads

Publicado

2020-01-02

Como Citar

Brasil Irala, V., & Ferrreira Alves, M. C. (2020). “Eu não sofro por ser negro, quer dizer, eu não posso me importar”: análise de uma experiência de estágio supervisionado com foco na temática do racismo (“I do not suffer for being black, I mean, I cannot care": analysis of a supervised internship experience focusing on the theme of racism). Crítica Educativa, 5(2), 73–91. https://doi.org/10.22476/revcted.v5i2.419

Edição

Seção

Relatos de experiência