Educação, arte e infância: tensões filosóficas em torno do fenômeno poético (Education, art and childhood: philosophical tensions on the poetic phenomenon)

Autores

  • Sandra Regina Simonis Richter UNISC

DOI:

https://doi.org/10.22476/revcted.v2i2.99

Palavras-chave:

Fenomenologia. Corpo no mundo. Dimensão poética. Educação infantil.

Resumo

Para abordar o desafio educacional posto pela entrada de bebês e crianças pequenas na Educação Básica, proponho discutir a potência lúdica das ambivalências entre real e ficcional que envolvem o fenômeno poético de começar-se em linguagem a partir de estudos fenomenológicos pautados pela relação entre educação, arte e infância. As fenomenologias de Bachelard e Merleau-Ponty permitem esboçar resistência à clássica cisão ocidental entre corpo e mundo na disputa pela autoridade da imagem ou do conceito diante do real ao apontar a dimensão poética da arte como vigor do agir lúdico e lúcido que emerge da inseparabilidade entre ação do corpo sensível e experiência de linguagem na produção de sentidos que nos situam no mundo. Da tensão entre filosofia e poesia emerge a diferença que não permite uma esquecer a potência linguageira da outra no enigma de fazer sentido. Os bebês e as crianças pequenas mostram ao pensamento pedagógico que, talvez, a intencionalidade educativa de tornar o mundo mais humano possa coexistir com a intencionalidade de sonhar e pensar um humano mais mundano.

Biografia do Autor

Sandra Regina Simonis Richter, UNISC

Pesquisadora e Professora do Departamento de Educação, atuando na Graduação, Extensão e Pós-Graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Líder do grupo de Estudos Poéticos: Educação, Linguagem e Infância (UNISC) e pesquisadora do Grupo Peabiru: Educação Ameríndia e Interculturalidade. 

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Publicado

2017-02-13

Como Citar

Richter, S. R. S. (2017). Educação, arte e infância: tensões filosóficas em torno do fenômeno poético (Education, art and childhood: philosophical tensions on the poetic phenomenon). Crítica Educativa, 2(2), 90–106. https://doi.org/10.22476/revcted.v2i2.99